Volta do imposto antecipa decisão sobre compra de carro elétrico

A Avenida Europa, na região dos Jardins, em São Paulo, é conhecida pelas lojas de automóveis, que enfileiram vitrines com modelos, principalmente de luxo, nos dois lados da via. Na tarde do sábado passado (8), os pontos de venda das marcas chinesas chamavam a atenção pela quantidade de visitantes.

Um burburinho de gente tomava conta do espaço da BYD. O estacionamento da loja estava lotado e para ser atendido por algum dos vários vendedores disponíveis era preciso deixar o nome numa lista preparada pela atendente que organizava a entrada dos interessados.

Alguns possíveis clientes estavam sozinhos. Mas a maioria levou a família – maridos, esposas, filhos. Do outro lado da rua, alguns metros adiante, outra chinesa, a GWM (Great Wall Motor) também tinha movimento superior ao que se via nas lojas vizinhas, de marcas tradicionais.

O brasileiro está muito curioso para conhecer o carro chinês, principalmente porque são essas marcas asiáticas que têm a maior variedade de novidades e carros elétricos, híbridos e híbridos plug-in.

Não se trata apenas de curiosidade. O movimento aumentou porque os carros eletrificados produzidos no exterior terão o Imposto de Importação (II) elevado a partir de janeiro, o que, consequentemente provocará reajuste de preços.

A maior parte dos importadores ainda não informou se pretende repassar integralmente as novas alíquotas do tributo, que ficarão entre 10% e 12% em janeiro e 18% e 25% em julho, dependendo do nível da eletrificação.

Os puramente elétricos, carregados apenas em tomadas, terão as alíquotas mais baixas. Os 100% elétricos estão totalmente isentos do imposto desde 2016.

Nos híbridos, o tributo varia em torno de 4%. A Volvo já informou que vai absorver uma parte da nova tributação, repassando ao consumidor a média de 7,7%.

O retorno à alíquota integral, de 35%, para todos os carros importados de países que não têm acordo de intercâmbio comercial com o Brasil, será gradual, até julho de 2026.

A volta do II para elétricos era aguardada pelo setor. Mas os importadores não esperavam alíquotas de 10% a 12% logo no primeiro mês do ano.

Já as montadoras instaladas no Brasil, em sua grande maioria, comemoraram a medida. Foram, em grande parte essas empresas que, de certa forma, influenciaram a decisão do governo.

Além dos argumentos em favor da manutenção do ritmo das fábricas e do emprego no Brasil, muitas dessas montadoras prometeram também passar a produzir no país modelos eletrificados – híbridos, na maioria. Os prazos, no entanto, não estão claros em nenhuma delas.

Na semana passada, durante a divulgação dos resultados do setor automobilístico em novembro, a direção da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) queixou-se da expansão da presença de automóveis importados no mercado brasileiro.

Dados da entidade mostram um aumento de 26% no volume de vendas de veículos produzidos em outros países de janeiro a novembro na comparação com igual período do ano passado.

Nessa base de comparação, enquanto a participação da Argentina na origem dos importados, desde o começo do ano, caiu de 73% para 64%, a da China subiu de 3% para 10%. Não há incidência de imposto em carros produzidos na Argentina e é de lá que vem a maior parte dos veículos importados pelas próprias montadoras.

Fonte: Valor Econômico

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